Só quem entende a importância da literatura é realmente
quem a lê. Uma pessoa me disse que literatura era perda de tempo e, por isso,
só lia livros técnicos. Quanta ignorância! É pela literatura que enxergamos diferentes
formas de ver a vida, diferentes formas de expressão da língua e conhecemos até
mesmo histórias verdadeiras (muitas vezes contadas nas entrelinhas). Pela
literatura conhecemos como são e como eram as cidades, a vida cotidiana, a
cultura e a geografia dos lugares, conseguimos desenvolver nossa comunicação,
nossos pensamentos e nossa escrita.
Os livros técnicos não chegam nem aos pés do que a
literatura pode desenvolver na mente humana. Não se pode comparar, cada um tem
sua finalidade. Literatura é arte, livro técnico não. Mas, o que esperar de um
país que mal sabe o que é Arte? Onde seus habitantes confundem pichação com
pintura e pornografia com música? Já fui à Rússia e voltei algumas vezes, mas
isso foi em séculos passados. Conheci a cultura dos anos de 1800 daquela nação
através de Dostoiévski, meu escritor favorito – que por sinal foi analisado
anos mais tarde não poucas vezes pelo pai da psicanálise, Sigmund Freud. “Memórias do Subsolo”, uma das obras mais interessantes de Dostoiévski – literatura
pura – é, por vezes, associado aos estudos de psicanálise de Freud sobre o inconsciente
humano.
Saindo da Rússia, não poderia deixar de lembrar a
profundidade dos poemas de Manoel de Barros. “Poderoso para mim não é aquele
que descobre ouro/Para mim poderoso é aquele que descobre as insignificâncias
(do mundo e as nossas)/Por essa pequena sentença me elogiaram de imbecil/Fiquei
emocionado/Sou fraco para elogios”. O que são as insignificâncias da vida?
Palavras tão singelas, poemas que brincam com as expressões, com os pensamentos,
que esbanjam reflexões, sinceridades e bom-humor. Literatura que ajuda na
formação do leitor, poemas que tocam a alma, que oferecem outra visão de mundo.
Não menos importantes temos os romances policiais que
aguçam a criatividade, o raciocínio lógico e a imaginação. Sherlock Homes e
Hercule Poirot são personagens que dificilmente serão esquecidos pelos amantes
do gênero literário. Raphael Montes, escritor brasileiro dessa nova geração,
está despontando com romances policiais. Com apenas 26 anos, seu segundo
romance, “Dias Perfeitos”, já foi publicado em 14 países incluindo Estados
Unidos, Inglaterra, Espanha, Holanda, Itália e França. Essa obra, assim
como “Suicidas”, teve os direitos vendidos para adaptação para o cinema. A
editora brasileira “Oito e Meio” recebeu durante campanha realizada pela
internet, em menos de trinta dias, 600 originais de jovens escritores para
serem publicados. A nova geração de estudantes está gradativamente lendo mais e
amando mais a literatura.
Não dá para ignorar a importância disso. Qualquer decisão
que tente diminuir o valor dessa arte é caminhar ao contrário das necessidades
dos próprios leitores brasileiros, especialmente a juventude. É menosprezar o
trabalho dos jovens escritores e se expor como um ser totalmente ignorante a
respeito do assunto. Embora ainda existam aqueles que acreditam que os livros
técnicos são mais importantes que a literatura, esse pensamento distorcido está
gradativamente mudando. É uma pena saber que tem tanta gente ainda com uma
visão tão pífia quanto à literatura e mais triste ainda é perceber que tipo de (des)educação
tem sido oferecida aos brasileiros. Precisamos “reformar”, sim, mas que seja
para melhor.
Olá! É verdade! A literatura é muito preciosa, ajuda a transformar nossas vidas!
ResponderExcluirMe dei conta de que eu nunca aprendi a gostar de poesia, talvez porque nunca me ensinaram seu valor. Quero ler alguns autores brasileiros para me expor à ela e aprender a amá-la também! Me interessei por Manoel de Barros, acho que vou começar por "Livro sobre Nada"...
Parabéns pelo blog! Tem resenha dos irmãos Karamazov?
Abraços!
Ainda não li! Pretendo lê-lo por último. Quero que seja a última obra de Dostoiévski para ler. Para mim, é o "gran finale" desse autor. hehehehe
ExcluirAcho que você faz bem... Resolvi encarar essa empreitada como meu primeiro livro do autor e sinto que realmente não estou preparada. Mas sou teimosa... para mim é muito difícil largar um livro. Só largo se é ruim, o que não é o caso. Estou intercalando com outros para não abandoná-lo de vez.
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