Ainda não é o fim: Encontrando esperança e consolo nas palavras de Jesus sobre os últimos dias

 

O livro “Ainda não é o fim: Encontrando esperança e consolo nas palavras de Jesus sobre os últimos dias”, do teólogo brasileiro Augustus Nicodemus, vem bem a calhar nestes dias. A obra na verdade é um sermão que foi impresso e publicado em 2022, pela editora Hagnos. Agora em 2025, período de grande tensão que temos visto ao redor do mundo com o conflito entre a Ucrânia e a Rússia, agora esta semana com rumores de guerra entre a Índia e o Paquistão, a guerra comercial dos Estados Unidos contra a China, o conflito entre Israel e a Palestina, ameaças entre países e muitos outros conflitos que têm acontecido em vários continentes, o livro do Augustus Nicodemus vem alertar a Igreja de Cristo sobre algumas questões.

É bem certo que em momentos de crise mundial, surgem muitas pessoas especulando a respeito do retorno de Jesus, tentando estipular datas e até tentando descobrir quem seria o “abominável que traz desolação” (Mc. 13.14). Essas pessoas, mesmo sem a intenção de causar angústia ao povo de Deus, acabam se tornando mais parecidos com torturadores psicológicos do que com alguém que demostra de fato amor pela Igreja de Cristo. No livro em questão, o autor faz uma análise do Sermão Escatológico de Jesus, escrito no capítulo 13 do Evangelho de Marcos, alertando a Igreja do Senhor sobre a eminente volta do Messias e como deve ser nosso comportamento diante de tantas coisas que temos ouvido sobre isso por aí.

É certo que, olhando para o mundo hoje e vendo o que tem acontecido – para quem é bem informado e sabe que os eventos estão mais intensos e complexos a cada ano que se passa – percebemos que “as dores de parto” estão cada vez mais intensas, dando a sensação que o nosso Salvador está muito próximo de voltar. Quem escreve este presente texto, por exemplo, sempre acha que Cristo voltará em sua geração, mas como sabiamente Nicodemus escreve, de fato, “Nenhuma geração tem e terá certeza de que sua vinda acontecerá durante o seu tempo” (p. 121), mas também é fato que “Deus quer que haja em nós essa expectativa intensa do retorno de Jesus, porque Ele é o Amado da nossa alma” (p. 105).

A bem da verdade, é que o retorno de Cristo é o fato, entre todos que existem – dentro e fora da Bíblia –, no qual mais penso e crio expectativas. Na infância era assim e depois que envelheci fiquei ainda mais esperançosa. Cheguei à conclusão que quanto mais você cresce na fé, compreende sobre Cristo e mais entende quem você é, você acaba desejando ainda mais esse retorno, independente do que esteja reservado para o final, sejam tribulações ou perseguições, perda de quem amamos, ou qualquer coisa extremamente difícil de se passar. Acima de tudo isso, está o desejo entranhável e profundo de se encontrar com o Cristo, o Salvador, Mediador e Redentor e enxergar, com os próprios olhos, todos os joelhos se dobrando diante do verdadeiro Rei.

No entanto, Augustus Nicodemus vem alertar sobre o fato de que Jesus não deu margem para ninguém tentar estabelecer datas para a sua segunda vinda, como também para ninguém se dar ao luxo de achar que “Jesus não virá agora”. O escritor começa explanando sobre os quatro primeiros versículos do capítulo base do livro (Marcos 13), sobre a destruição do templo. Nessa parte ele dá alguns detalhes históricos (não descritos no texto bíblico) sobre o que antecedeu a destruição total do templo, em 70 d.C. e como aquele texto ali era um alerta aos cristãos que viviam em Jerusalém para fugir quando os exércitos inimigos se aproximassem da cidade, porque não haveria escapatória: Deus havia de julgar aquela geração e destruir o templo em breve – era o que Jesus estava profetizando.

Achei bem interessante quando o autor do livro destaca a perplexidade dos discípulos que ali ouviam o Sermão (Tiago, João, André e Pedro) porque eles entenderam que Cristo, quando falava sobre a destruição do templo estava, com isso, falando sobre o “fim do mundo”, porque de fato havia de se iniciar uma nova era, quando os adoradores não iriam mais precisar ter um templo para adorar, nem um local fixo. Para isso, Nicodemus usa o texto de Mateus 24, versículo 3. Analisando os detalhes da profecia sobre a destruição do templo em comparação ao que de fato aconteceu, o escritor chega à conclusão que essa profecia mostra primeiro: a genuinidade da Palavra de Deus e confirma que Jesus era profeta vindo de Deus; segundo: percebemos que a verdadeira profecia bíblica prevê o futuro com exatidão, sem generalizações; terceiro: a destruição do templo representou o castigo de Deus contra a incredulidade e rebeldia dos judeus e que hoje Deus só tem um povo que consiste em pessoas convertidas a Cristo, sejam gentios ou judeus; quarto: a Igreja apresenta a Deus um novo culto, pois o antigo foi abolido com o rasgar do véu (no momento da morte de Jesus) e na prática com a destruição do templo, no ano 70 d.C.

“Aos que têm dúvidas sobre a autenticidade da Bíblia, aos que acreditam numa futura reconstrução do templo de Jerusalém como parte do plano de Deus para Israel, aos que estão abusando da paciência de Deus, aos que pensam que Deus é somente amor e não castiga aqueles que lhe desobedecem, aos aflitos e desanimados, eu digo que há um Deus que está no controle de todas as coisas, no controle da História. Convém lembrar que só Jesus pode dizer: ‘Daqui há trinta e seis anos, não vai ficar pedra sobre pedra’. E vamos nos lembrar também de que, em nenhum lugar das Escrituras, existe qualquer hipótese de reconstrução do templo” (p. 38).

No capítulo dois, o autor vai explicar o que é o “princípio das dores” (Mc. 13.5-13) e vai discorrer sobre os sete sinais sobre os quais Jesus falou que iriam acontecer antes da sua segunda vinda. O teólogo vai falar primeiro sobre o surgimento dos falsos profetas (inclusive houve quem se intitulasse Cristo anos depois da morte de Jesus e liderasse uma revolta judaica que culminou na segunda invasão romana a Jerusalém quando foi destruído completamente o templo). Depois o escritor discorre sobre o segundo sinal da vinda de Cristo: as guerras e anúncios de outras guerras. “A advertência de Jesus aos discípulos, contudo, é que eles não devem se assustar com as guerras, pois o fim do mundo não virá por meio de uma guerra, como se o homem pudesse destruir a si mesmo. [...] O fim do mundo virá pela ação direta de Deus. O mundo não irá se destruir, mas será destruído” (p.48).

O terceiro sinal dito por Jesus e explicado por Nicodemus foi sobre terremotos e fomes e vários lugares. O quarto sinal é a perseguição e o martírio de cristãos. “Os discípulos deviam ficar de sobreaviso, para não serem surpreendidos pela dor, pelo sofrimento, pela tortura e morte Mc. 13.9) [...] O novo convertido deve ficar sabendo, logo no começo da sua carreira cristã, que estão profetizados sofrimentos, martírios e perseguições contra a igreja. As perseguições podem acontecer ainda nesta época, ainda nesta geração, na sua vida e na minha. Elas têm sido reais na vida de outros cristãos e podem ser na sua e na minha também. É bom ficar de sobreaviso” (p.54). Mas, “não vos assusteis, ainda não é o fim”.

O quinto sinal que antecede a volta de Jesus é a evangelização mundial, mesmo em meio ao sofrimento e perseguição. O sexto sinal é a divisão familiar por causa do Evangelho e o sétimo é o ódio generalizado contra os cristãos. “O cristianismo provoca ódio, perseguição e revolta contra tudo o que ele representa, ou provoca amor completo, dedicação completa, conversão completa” (p. 59). Nicodemus incentiva aquele que sofre pelo Evangelho que não desista e persevere até o fim e lembra a estes que: “os que perseverarem até o fim serão salvos”.

No capítulo três, Nicodemus explica sobre a Grande Tribulação (Marcos 13. 14-23) iniciando sua análise sobre o termo “o abominável da desolação” mencionado também pelo profeta Daniel. Nesse trecho, o teólogo defende que é possível que seja um fenômeno profético que se chama “profecia de duplo cumprimento”, ou seja, às vezes, o profeta falava de dois eventos como se fossem um só. Então esse termo foi usado por Daniel para se referir ao rei pagão que dominou Israel em 150 a.C., colocou uma estátua pagã dentro do templo, sacrificou uma porca no altar e sitiou Jerusalém. Esse termo então foi usado por Jesus para se referir ao Exército Romano que viria e desolaria Jerusalém, em 70 d.C., como também é usado por Jesus ao mesmo tempo e provavelmente, para se referir ao desolador que virá muito antes da sua volta, pois este ser ou sistema (o abominável da desolação) é o símbolo do Anticristo falado pelos apóstolos Paulo e João.

“O sofrimento que viria sobre Jerusalém é um tipo de tribulação que virá sobre o mundo, ao aproximar-se do seu fim. É o período que antecede imediatamente a vinda de Jesus, quando o Anticristo dominará e promoverá grande perseguição ao povo de Deus. Dias terríveis estão reservados” (p. 84).

“É dessa maneira que queremos entender esse texto. Ele se cumpre primeiramente em Jerusalém, no ano 70, mas é um tipo, uma figura, que aponta para aquele período ainda futuro que antecede a vinda de Jesus, o do domínio do Anticristo e do sofrimento da igreja” (p. 85).

O quarto capítulo é reservado para meditação na segunda vinda de Cristo, descrita em Marcos 13.24-27. Alguns intérpretes acreditam que a linguagem dessa passagem é fenomenológica, pois é descrita também no Dia de Pentecostes e também descrita no livro de Isaías, entretanto, Nicodemus crê em algo diferente. “Não há nada na Bíblia que nos impeça de entender que aquelas passagens que falavam do julgamento da Babilônia, do Egito ou mesmo do dia de Pentecostes têm também como pano de fundo o cumprimento final do que acontecerá no dia do juízo. O apóstolo Pedro, quando descreve o dia da Vinda do Senhor, fala que ‘os céus passarão com estrepitoso estrondo, e os elementos se desfarão abrasados [...]. Nós, porém, segundo a sua promessa, esperamos novos céus e nova terra, nos quais habita justiça’ (2Pedro 3.10-13). Essa descrição me parece bem literal” (p. 97).

A vinda de Cristo representa o triunfo final da igreja e, por fim, o escritor escreve o último capítulo sobre “como aguardar a vinda de Cristo”, quando discorre sobre Marcos 13.28-37, onde estão escritas a parábola da figueira e a exortação à vigilância. Acho bonito quando ele conclui seu pensamento através do que Jesus falou sobre sua volta que será como um homem que saindo de sua casa dá autoridade aos seus servos, a cada um a sua obrigação e manda que o porteiro vigie, pois eles não sabem quando, nem a que horas, voltará do dono da casa e ainda alerta para que eles não sejam pegos dormindo. Então, Nicodemus encerra:

“Ele [Jesus] não diz o que vai acontecer com os ‘cristãos’ que não estarão vigiando. Eu posso imaginar, assimilando o ensinamento da Bíblia como um todo, que essas pessoas, na verdade, não são cristãs e que terão o mesmo destino dos ímpios, dos que não creem, daqueles que não esperam a vinda do Senhor. [...] O verdadeiro povo de Deus estará de pé quando Jesus voltar”. (p. 125, 126).

O livro é bem curtinho, tem 126 páginas, li na tarde deste domingo, 27 de abril de 2025. Ele tem muitos outros detalhes não descritos aqui. Comprei pelo site da Amazon. Como é o meu tema favorito, com certeza recomendo de todo coração, especialmente àqueles que amam com ardente expectativa a segunda vinda de Cristo. MARANATA!

Ficha técnica:

Obra: Ainda não é o fim: Encontrando esperança e consolo nas palavras de Jesus sobre os últimos dias

Autor: Augustus Nicodemus

Editora: Hagnos

Páginas: 126

Ano: 2022

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