O livro escrito pelo teólogo Norman Geisler e pelo editor William Nix é uma clássica obra de estudo sobre a formação da Bíblia. No Brasil, já está em sua décima primeira reimpressão – a primeira foi no ano de 2006. Publicado pela editora Vida, trata-se de um livro de estudo bastante detalhado sobre o assunto ao qual se propõe explanar.
Os cinco primeiros capítulos vão discorrer sobre inspiração
bíblica, o significado do conceito para a teologia protestante, como o
modernismo enxerga isso, vai explicar as diferenças entre o cânon hebraico e protestante,
como também a diferença desses para o cânon católico do Antigo Testamento. O
texto contempla as diferenças entre os pensamentos ortodoxo, moderno (liberal)
e neo-ortodoxo. O livro esclarece como cada carta do Novo Testamento, cada
evangelho e cada livro do Antigo Testamento foi considerado inspirado por Deus
e por quais motivos outros textos ficaram fora do cânon.
Os capítulos são densos, exaustivos, porém interessantes para
não perdermos nenhum detalhe das vastas pesquisas que se têm hoje sobre a
compilação da Bíblia. Os autores vão apontar também as evidências, dentro da
própria Bíblia, para a inspiração divina dos textos, como também vão
demonstrar, com provas históricas, as evidências externas da inspiração divina.
“A descoberta amplamente divulgada dos rolos do Mar Morto
ilustra algo não muito bem conhecido, a saber, que existem milhares de
manuscritos tanto do Antigo como do Novo Testamento, o que contrasta com o
punhado de originais disponíveis de muitos clássicos seculares de grande importância.
Isso significa que a Bíblia é o livro do mundo antigo mais bem documentado que
existe” (p. 56).
O livro trata também sobre as diferenças entre canonicidade e
canonização e vai explicar como se deu, historicamente, o desenvolvimento dos
cânones dos Antigo e Novo Testamentos. Vai falar sobre os livros considerados
homologoumena – aceitos por todos; pseudepígrafos – rejeitados por todos;
antilegomena – questionados por alguns; e os apócrifos – aceitos por alguns. Na
obra podemos entender o texto escrito na Septuaginta, que contém livros
apócrifos e o motivo de não serem aceitos hoje pelos protestantes. “De fato, as
cópias existentes da Septuaginta datam do século IV d. C. e não comprovam que
livros haviam sido incluídos na LXX de épocas anteriores” (p. 94). É bem
interessante como o livro expõe historicamente vários fatos no decorrer do
desenvolvimento dos cânones do AT e do NT. Aqui está um exemplo quando os
autores escrevem sobre a rejeição dos apócrifos (adotados pela Igreja Católica
Romana):
“O testemunho de Agostinho [que defendia o uso dos apócrifos]
não é definitivo, nem isento de equívocos. Primeiramente, Agostinho às vezes
faz supor que os apócrifos apenas tinham uma deuterocanonicidade (Cidade de
Deus, 18,36), e não canonicidade absoluta. Além disso, os Concílios de Hipo
e de Cartago foram pequenos concílios locais, influenciados por Agostinho e
pela tradição da Septuaginta grega. Nenhum estudioso hebreu qualificado esteve
presente em nenhum desses dois concílios. O especialista hebreu mais qualificado
da época, Jerônimo, argumentou fortemente contra Agostinho, ao rejeitar a
canonicidade dos apócrifos. Jerônimo chegou a recusar-se a traduzir os
apócrifos para o latim, ou mesmo incluí-los em suas versões em latim vulgar
(Vulgata latina). Só depois da morte de Jerônimo e praticamente por cima do seu
cadáver, é que os livros apócrifos foram incorporados à Vulgata latina” (p.95).
A partir do capítulo 11, o livro vai tratar sobre as línguas e
traduções dos textos bíblicos. Vai falar sobre o desenvolvimento das línguas
escritas, como Deus em sua infinita sabedoria usou esse recurso para conservar
sua Palavra através dos manuscritos. No capítulo seguinte, os autores vão especificar
melhor quais são os principais manuscritos bíblicos, vão discorrer sobre o rolo
do Mar Morto e os códices, além de testemunhos externos que apoiam os textos
bíblicos. Nos capítulos 14 e 15 o livro vai mostrar o que aconteceu no período
de crítica textual e logo em seguida vai expor como fizeram a recuperação do
texto da Bíblia. Os últimos seis capítulos são destinados às traduções da
Bíblia em diversas línguas, sendo o último capítulo escrito por outros dois
autores, pois especifica a tradução da Bíblia para o Português do Brasil.
O livro é uma excelente obra sobre a origem da Bíblia, toda a
história que se deu ao longo dos séculos sobre ela, como homens de Deus
conseguiram preservá-la, traduzi-la e a importância de toda a história para que
pudéssemos ter hoje em mãos o texto que temos. Vale muito a pena ler devagar, realmente
estudando, de maneira a compreender aos poucos e entender como de fato “a
Bíblia chegou até nós”.
Ficha técnica
Obra: Introdução Bíblica: Como a Bíblia chegou até
nós
Autor: Norman Geisler & William Nix
Editora: Vida
Páginas: 253
Ano: 2020 – 11ª reimpressão (no Brasil)
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