John Knox: homem piedoso que levou a Escócia a Cristo

Os cristãos ocidentais do século XXI reclamam demais de “barriga cheia”. Hoje em dia, nenhum cristão no Brasil aponta o dedo mostrando os erros doutrinários das seitas, dos hereges e dos religiosos que na prática negam a eficácia do sangue de Cristo. O politicamente correto, a liberdade religiosa e de pensamento, a democracia e tantas outras circunstâncias nos fazem temer a repreensão do povo quanto às verdades bíblicas. Hoje, tudo o que é preceito cristão é considerado retrógrado e os seguidores de Cristo são atacados psicologicamente, socialmente e profissionalmente. Cristãos piedosos no Brasil vivem essa realidade do dia a dia e nem é necessário discutir sobre o assunto.

Agora imaginemos um cenário bem mais fechado, onde os seguidores de Cristo, os protestantes que negavam a idolatria católica, eram queimados vivos a mando dos reis. Essa era a circunstância sob a qual se encontrava John Knox, contemporâneo de João Calvino, em pleno século XVI, durante a efervescência da Reforma Protestante. Considerado o “Jeremias” do nosso tempo, Knox não temia o poder da sanguinária rainha Maria e não se submetia ao poderio da Igreja Católica. Ele expunha a idolatria e convocava o povo ao arrependimento na Escócia.

O livro “A poderosa fraqueza de John Knox”, escrito pelo presbítero estadunidense Douglas Bond, traça o perfil do pregador conhecido por ser pequeno, fraco e doente, mas com poder nas palavras que assustava até a rainha. Homem de fé, perseverava na oração e na sã doutrina e insistia nos ensinamentos bíblicos. Ele foi considerado “estúpido” e “misógino” por muitas pessoas que não entenderam sua mensagem e até hoje é rejeitado por muitos pensadores escoceses.

Interessante que no início da obra o escritor logo afirma que homens que foram vocacionados para serem profetas são geralmente figuras solitárias, não são gentis em suas palavras, mas enfáticos e impopulares ao declararem a Palavra de Deus a inimigos dela. “John Knox sentia para com os idólatras da Escócia como Elias para com os sacerdotes de Baal”, escreveu o historiador Roland Bainton. Falecido em 1572, ninguém sabe ao certo o ano de seu nascimento, mas seu extenso legado tem levado a Cristo milhões de pessoas desde o século XVI.

Knox era um homem de oração. Ele sabia o quanto era fraco e estava debaixo de constante ameaça. Ele se submetia ao poderio de Deus através da oração. A rainha regente Maria de Guise admitiu que tinha “mais medo das orações de Knox do que de um exército de dez mil homens”. Certa vez, esse reformador disse: “A oração é uma conversa sincera e familiar com Deus”. Para Charles Spurgeon, “quando John Knox subiu as escadas para interceder a Deus pela Escócia, foi o maior evento na história da Escócia”.

Nenhum homem deve pensar-se indigno de chamar e orar a Deus por ter, no passado, ofendido gravemente a sua Majestade. Deverá vir a Deus com coração contrito e arrependido, dizendo como Davi: ‘Sara a minha alma, porque pequei contra ti’ (Sl. 41.4)”, disse John Knox. “Problemas e dificuldades são as esporas à oração, pois, quando o homem, cercado de todos os lados por veementes calamidades, aborrecido por solicitudes contínuas (não tendo no ser humano esperança de livramento, estando com coração oprimido e magoado, temendo ainda maior castigo a seguir) clama das profundezas da tribulação, a Deus, pedindo consolo e sustento, tal oração ascende à presença de Deus e não voltará vazia”, afirmou John Knox.

Além de homem piedoso e de oração, Knox tinha como centro de sua vida e de suas pregações a Palavra de Deus. Para ele, as pessoas precisavam ouvir as verdades do evangelho, sem necessitar de nenhum artifício. Já que absolutamente nada substitui a pregação – nem nosso testemunho, nem coisas mirabolantes que se colocam hoje nos cultos – Knox pregava porque sabia que era por meio da pregação que as pessoas se convertiam. As pessoas diziam que suas pregações causavam temor nos ouvintes. Ele ensinava sobre santificação, justificação e predestinação. Por causa das pregações de John Knox, a ira do povo se ascendeu contra a idolatria e as pessoas começaram a destruir imagens de santos, dando início ao movimento conhecido como iconoclastia.

As pregações do reformador escocês duravam em média de três a quatro horas e ele pregava cerca de três vezes por semana, inclusive chegou a pregar “na cara” da rainha. Mas Knox não era conhecido na época só por suas pregações enfáticas e suas orações fervorosas. Ele escrevia cartas de consolação.

Depois de muitos anos de persistência contra o catolicismo romano, Knox conseguiu reescrever a história da educação escocesa. No “Livro das Disciplinas”, ele estabeleceu o primeiro sistema educativo nacional no mundo ocidental. A nação protótipo para a alfabetização universal foi a Escócia Reformada e cada escola pública do país era uma escola cristã, tendo a bíblia em inglês e o Catecismo de Genebra como currículo básico. Ainda através desse livro, Knox conseguiu fazer com que dois terços das terras escocesas fossem para os clérigos (que tinham tudo) e um terço fosse dividido para o Parlamento e a Igreja Reformada. O Parlamento escocês aprovou a Confissão de Fé Escocesa e rejeitou o catolicismo romano.

A obra do presbítero Douglas Bond conclui com a Confissão de Fé Escocesa, substituída depois pela Confissão de Fé de Westminster. O escritor leciona literatura, redação e história, tem certificado em Teologia da Faculdade Teológica Moore, na Austrália, e é presbítero regente na Igreja Presbiteriana na América. É autor de livros de ficção e não ficção cristãos.

O livro faz parte da série “Um perfil de homens piedosos”, da editora Fiel, que conta com 10 obras na coleção. Outros perfis da coleção são João Calvino, John Owen, William Tyndale, Martinho Lutero, Martyn Lloyd-Jones, Jonathan Edwards, Isaac Watts, Charles Spurgeon e George Whitefield.

O que disseram:

Embora eu ame John Knox, raramente gosto de ler a seu respeito. A maioria de seus biógrafos me deixam sentido-me um verme diante desse poderoso leão da Escócia. Mas, para minha surpresa, este livro levantou meu ânimo e ainda me inspira. Por que? Porque Douglas Bond cativou e comunicou o segredo do poder de John Knox – uma fraqueza autenticamente sentida e abertamente confessada que dependia diária e totalmente da graça e misericórdia de Jesus Cristo. Poderosa fraqueza – que grande encorajasamento para todos os vermes que desejam se leões”, Dr. David Murray, professor de Antigo Testamento e de Teologia Prática no Seminário Teológico Puritano Reformado de Grand Rapid, Michigan.

No compasso desse pequeno volume, parece que Douglas Bond consegue juntar todos os misteriosos paradoxos da vida de John Knox: púlpito trovejante e intercessões íntimas, elevando intelecto e humilde vida no lar. Ousadia e brandura, força e fraqueza. Noutras palavras, Bond apreendeu a própria essência desse surpreendente modelo para um ministério reformador”, Dr. George Grant, pastor da Igreja Presbiteriana de East Parish Franklin, Tenessee.

Ficha técnica
Obra: A poderosa fraqueza de John Knox
Coleção: Um perfil de homens piedosos
Autor: Douglas Bond
Editora: Fiel
Páginas: 156
Ano: 2011

Preço na editora: R$ 35,00

Comentários

  1. Voltou a publicar..! :)

    Acho que ainda não conhecia John Knox, ou não tinha gravado seu nome. Gostei de conhecer um pouquinho sobre a história dele.

    "Interessante que no início da obra o escritor logo afirma que homens que foram vocacionados para serem profetas são geralmente figuras solitárias, não são gentis em suas palavras, mas enfáticos e impopulares ao declararem a Palavra de Deus a inimigos dela. "
    Nem me fale... Quando um erro doutrinário sério é indicado, logo vem a "desculpa": não devemos julgar.
    Mas há diferença entre julgar (no sentido popular que se vê por aí) e ter discernimento das coisas. E há uns líderes religiosos por aí que vemos claramente que são charlatões mesmo... então creio que não é pecado dizer que são charlatões, ora.
    Mas é necessário sabedoria no falar também, claro.

    sonhos-e-suspiros.blogspot.com.br

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