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Mostrando postagens de fevereiro, 2017

O menosprezo pela literatura

Só quem entende a importância da literatura é realmente quem a lê. Uma pessoa me disse que literatura era perda de tempo e, por isso, só lia livros técnicos. Quanta ignorância! É pela literatura que enxergamos diferentes formas de ver a vida, diferentes formas de expressão da língua e conhecemos até mesmo histórias verdadeiras (muitas vezes contadas nas entrelinhas). Pela literatura conhecemos como são e como eram as cidades, a vida cotidiana, a cultura e a geografia dos lugares, conseguimos desenvolver nossa comunicação, nossos pensamentos e nossa escrita. Os livros técnicos não chegam nem aos pés do que a literatura pode desenvolver na mente humana. Não se pode comparar, cada um tem sua finalidade. Literatura é arte, livro técnico não. Mas, o que esperar de um país que mal sabe o que é Arte? Onde seus habitantes confundem pichação com pintura e pornografia com música? Já fui à Rússia e voltei algumas vezes, mas isso foi em séculos passados. Conheci a cultura dos anos de 1800 da...

Duas narrativas fantásticas

Publicada pela primeira vez na revista mensal “Diário de um escritor”, em 1876, “A Dócil” relata o conturbado casamento entre uma jovem de 16 anos e o dono de casa de penhores na faixa de seus 40 anos. Considerada uma pobre moça, necessitada de tudo, a “dócil” mostra que toda doçura tem seu lado cruel e, ao mesmo tempo, inocente. Sem saber o real motivo de seu suicídio, o marido se torna refém de seus questionamentos sobre o que a levou à morte e acaba tendo algumas conclusões pela lembrança do olhar dela em determinadas conversas. A vontade de saber se a esposa o amava o não, se o desprezava ou não, se tudo era uma mentira ou não. Ele estava lá, parado, na frente do corpo da mulher que ele adorava quase que com veneração. Aquela mulher amável que chegou a apontar um revólver para sua cabeça enquanto dormia. Por quê? Havia um por quê? Gestos, olhares, situações, tudo o que há de mais corriqueiro Dostoiévski leva em consideração na história de seus personagens. Detalhes dos pens...

Os elefantes não esquecem

Hercule Poirot, instigado por uma famosa escritora de romance policial, Ariadne Oliver, desvenda o mistério por trás de uma tragédia que aconteceu em família e chocou a cidade. Cerca de 13 anos se passaram e, oficialmente, a polícia deu o caso por e encerrado concluindo duplo suicídio. Um casal apaixonado teria realmente feito pacto de morte? A senhora Oliver vai em busca de “elefantes”, já que eles “nunca esquecem”. Pessoas nunca esquecem, guardam em suas memórias vestígios de histórias, mesmo que sejam apenas especulações. Juntando as informações coletadas pela senhora Oliver, muito amiga do investigador belga Poirot, com as suas próprias investigações, chega-se a uma conclusão nada convencional. O interessante de se ler Agatha Christie é que não há nada irrelevante nos detalhes no decorrer da obra. Tudo é milimetricamente calculado pela autora e todos os detalhes acabam se encaixando no final da história. Com a maestria de uma experiente autora de romance policial, o lei...